Sobre THE PORTFOLIO PROJECT

“The Portfolio Project” reune numa mesma plataforma online três conceitos base – a de uma publicação sobre fotografia, a de um espaço de formação contínua à distância orientado por profissionais da fotografia e a de um portal associativo onde os seus membros divulgam fotografias desenvolvidas no âmbito de projectos individuais ou colectivos.

Articulando dois interfaces absolutamente autónomos – um blog de acesso privado que veicula informação entre participantes e um site de acesso público onde se publica o trabalho dos seus associados, o The Portfolio Project constitui-se com um espaço singular no panorama da fotografia.

O “The Portfolio Project” é coordenado por Susana Paiva e funciona como um espaço de crescimento individual e de apoio online onde, fazendo recurso das comunicações via internet, os participantes recebem informações úteis para o desenvolvimento do seu trabalho fotográfico. Sendo um projecto onde a aprendizagem e acompanhamento se desenrolam sob a forma de tutorial o TPP permite que cada participante defina a sua área de interesse e o seu próprio ritmo de trabalho.

Para além de informação sistemática sobre eventos fotográficos, o projecto difunde através da sua newsletter obras de fotógrafos internacionais e constitui-se ainda como um espaço onde os aderentes podem ver as suas questões individuais respondidas e os seus projectos orientados.

Cada participante no projecto usufrui de um email personalizado – do tipo <nome.apelido@theportfolioproject.org> – e ainda de espaço ilimitado para a publicação online, em galerias individuais, dos projectos desenvolvidos no âmbito do projecto portfolio. Os projectos poderão ser individuais ou colectivos e passam todos por um processo de acompanhamento e orientação pessoal.

Para informações sobre a adesão à plataforma por favor consultar o link

The Portfolio Project | Uma forma diferente de pensar a fotografia

Susana Paiva *

Somos produto das aprendizagens e interacções que estabelecemos ao longo da vida, das relações que cimentamos ou, tão importante quanto essas, daquelas de que  abdicamos de forma a traçar o nosso próprio caminho criativo. À semelhança, os  projectos que delineamos espelham parcialmente quem somos, a forma como nos edificamos e, consequentemente, a consciência que disso temos.
Após um percurso onde a minha prática da fotografia cruzou os campos das Artes Performativas e da Educação, surgiu o desejo de criar um projecto singular onde a reflexão sobre a imagem e a sua prática fossem o cerne. Um projecto onde ao criador da imagem coubesse também o papel central da reflexão e, em consequência disso, o desenvolvimento de capacidades comunicacionais que lhe permitisse dialogar com o público sobre a sua criação. O The Portfolio Project (TPP) é, assim, o herdeiro legítimo de 20 anos de vivência enquanto fotógrafa, com as Artes Performativas como sujeito privilegiado.
Nascido, como uma plataforma educacional, em Janeiro de 2009, o TPP foi delineado como um lugar de partilha de recursos e um espaço de experimentação sustentada, onde os seus membros pudessem desenvolver a fotografia sob a forma que desejassem. Nesse sentido, a plataforma sempre foi um agregador de gente com motivações e objectivos muito distintos na prática da fotografia.
Constituído inicialmente por fotógrafos, o TPP rapidamente se alargou a um grupo de pessoas que, num sentido mais lato, se interessam pela imagem, entre as quais se encontram, hoje, editores fotográficos, investigadores na área das ciências sociais e da fotografia.
É desta multiplicidade e heterogeneidade de olhares e sensibilidades que o TPP retira a sua força e pertinência, constituindo-se como uma plataforma dinâmica onde diariamente se debate e reflecte sobre a imagem e sua prática.
Passado o primeiro ano de consolidação do projecto onde, para além do desenvolvimento de projectos individuais, se promoveu também uma série de projectos colectivos e acções de formação, o TPP entra agora numa fase onde proporciona aos seus membros a possibilidade de realizar residências artísticas em Coimbra e no Fundão, e ainda de colaborar em projectos institucionais em que os  objectivos finais são a realização de exposições e edição de livros.
Longe de ser uma agência fotográfica, o TPP é uma estrutura que proporciona aos seus membros a oportunidade de construir um discurso artístico individual no domínio da fotografia, com a cumplicidade de uma estrutura que se esforça por produzir e  divulgar os trabalhos em moldes que, de outra forma, se revelariam bastante mais difíceis de alcançar individualmente.
Actualmente, a melhor definição do TPP talvez seja a de “agente facilitador” –  facilitador na obtenção de apoios aos projectos individuais dos seus membros
e na comunicação alargada desses mesmos trabalhos; facilitador de diálogos e sobretudo de uma nova e essencial forma de pensar hoje a fotografia.
Estruturalmente, o TPP aglutina numa mesma plataforma três conceitos base – a de uma publicação online sobre fotografia, a de um espaço de formação contínua à distância, orientado por profissionais da fotografia, e a de um portal público onde os seus membros divulgam fotografias desenvolvidas no âmbito de projectos individuais ou colectivos.
Articulando dois interfaces absolutamente autónomos – um portal de acesso privado que veicula informação entre participantes e um site de acesso público http://www.theportfolioproject.org) onde se publica o trabalho dos seus membros , o TPP constitui-se, indubitavelmente, como um espaço singular no panorama da fotografia.
O TPP funciona, assim, como um espaço de crescimento individual e de apoio online onde, fazendo recurso das comunicações via internet, os participantes recebem informações úteis para o desenvolvimento do seu trabalho fotográfico. Sendo um projecto onde a aprendizagem e acompanhamento se desenrolam sob a forma de tutorial, o TPP permite que cada participante defina a sua área de interesse e o seu próprio ritmo de trabalho, alcançando assim os objectivos individualmente propostos.
Para além de informação sistemática sobre eventos fotográficos, o projecto difunde através da sua newsletter obras de fotógrafos internacionais, constituindo-se ainda como um espaço comunicacional onde os aderentes podem ver as suas questões respondidas e os seus projectos orientados.

Dialogar a fotografia

Democratizada como prática de massas, em muito devido à acessibilidade e baixo custo de produção da imagem digital, a imagem fotográfica tem vindo progressivamente a ser esvaziada da sua intencionalidade, materializando-se inúmeras vezes num espectro que revela a total ausência de pensamento crítico subjacente.
Rodeados por imagens que muitas vezes não sabem descodificar e convictos de que para uma prática séria da fotografia basta possuir um bom equipamento de captura fotográfica, muitos adeptos da fotografia têm dificuldade em construir um discurso artístico em torno da sua prática, perdendo-se inevitavelmente na imensidão de imagens que produzem.
Conscientes disso, bem como da importância da submissão do trabalho fotográfico a um olhar externo avalizado, o TPP promove regularmente leituras de portfolios – nas quais cada participante usufrui de uma apreciação crítica construtiva do seu trabalho –, bem como acções comunicacionais onde cada fotógrafo tem possibilidade de expressão do seu discurso artístico individual. O melhor exemplo de eventos desta natureza foi a acção que teve lugar entre 24 de Junho e 4 de Julho no espaço “Round the Corner” no Teatro da Trindade, em Lisboa.
Mais do que uma exposição de fotografia, no sentido formal do termo, “Uma fotografia, um autor, duas chávenas e uma cafeteira eléctrica” – proposta que reuniu o TPP no espaço “Round the Corner” –, constituiu-se como um exercício informal sobre a comunicação da imagem, onde se testaram novas hipóteses de diálogo entre os autores e o seu público.
Protagonista de duas grandes revoluções – a da técnica e a da estética –, a fotografia encara agora o maior desafio da contemporaneidade: o da reinvenção dos modos e formas de difusão e comunicação da imagem.
Vítima da multiplicidade e profusão sem critério, que a crescente democratização do acesso aos equipamentos de produção e difusão electrónica proporciona, a omnipresente fotografia parece ter agudizado a distância entre quem a produz e quem a recepciona. Foi precisamente esse espaço, essa distância, que este projecto ensaiou anular.
Assim, no espaço “Round the Corner”, 11 fotógrafos – em torno de uma chávena de chá –, olhos nos olhos com o seu público, recuperando a dimensão da interacção directa com este, criaram-se oportunidades de ensaiar um novo capítulo na comunicação da imagem, mesmo ao virar da esquina do Teatro da Trindade.
Se no Teatro bebi os conceitos e métodos que hoje me auxiliam a definir o rumo do TPP, criando pontes entre a prática da fotografia e a dimensão performativa do papel de fotógrafo, não é estranho que tenha invocado, na inauguração da acção no “Round the Corner”, o conceito base que Almada Negreiros imprimiu ao seu texto “Antes de começar”.
Questionando o escritor, no seu texto, a ausência da acção teatral antes do espectáculo começar, o mesmo fiz eu quando, na ausência de qualquer obra expositiva, afirmei que a exposição estaria já em curso.
Embora seja verdade que as paredes se encontravam vazias e que o público as esperava ver encher, para assim se dar início à acção, é também verdade que todos os ingredientes de uma inauguração se encontravam já disponíveis para fruição, pois estavam presentes os autores e neles encerradas as múltiplas possibilidades de ser fotógrafo nos dias que correm, matéria mais do que perfeita para uma exposição.
Assim sendo, seria precipitado dizer que os convidados lá teriam ido em vão pois, onde uns certamente percepcionavam vazio, digo e repito que havia matéria de facto. A acção, essa, teria de ser o público a despoletar, interpelando os autores sobre as suas obras e a sua condição de fotógrafo. E desejando ver imagens, as tais que se esperam numa exposição convencional, teriam que regressar em qualquer um dos dez dias seguintes onde, naquele mesmo espaço, 11 autores diferentes os receberiam com generosidade, num espaço que se pretende e sempre pretenderá de permanente partilha.

* Coordenadora do The Portfolio Project

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